domingo, 6 de março de 2011

Luchando contra Las Plagas


Dando início à minha empreitada jogando clássicos das gerações anteriores que acabei deixando passar, escolhi um dos mais bem conceituados jogos de ação do PS2: Resident Evil 4. Há muito que eu queria colocar a 5ª versão do game, para os consoles atuais, em minha lista de compras, mas como sou chato e gosto de jogar os games na sequência, fui atrás do 4 antes de sequer pensar em RE 5.

Resident Evil 4 possui versões para Nintendo GameCube (onde figurou como exclusivo por um tempo) e depois foi portado para outras plataformas, como Nintendo Wii, PC e a versão que joguei, para PS2. Não posso comparar graficamente as versões, pois não joguei as outras. Mas acho que traçar comentários a esse respeito é algo desnecessário, pois trata-se de um grande jogo, não importa em qual plataforma ele esteja.

RE 4 ocorre em 2004, poucos anos após o incidente em Raccoon City em que a cidade foi praticamente devastada por um vírus criado pela agora falecida Corporação Umbrella. Tais eventos ocorreram no já clássico Resident Evil 2, do PSOne. Assim como naquele jogo, novamente controlamos Leon Kennedy,agente policial sobrevivente dos eventos em Raccoon City, e agora membro de uma equipe do serviço secreto dos EUA. Após receber intenso treinamento especial, Leon é mandado para um remoto vilarejo no interior da Europa (o país nunca é citado, mas todos os habitantes falam espanhol), com a missão de resgatar a filha do presidente, sequestrada por um misterioso culto. Mas ao que parece, e o jogo sempre faz questão de deixar claro, há uma terceira organização manipulando os eventos para cumprir seus escusos propósitos.


Um das mais marcantes características desta versão de RE é a mudança no estilo e no ritmo do jogo. Sai o survival horror de raiz, com zumbis lerdos e munição a conta-gotas e entra em cena um third person shooter frenético, mas sem perder suas características de jogo de terror. Confesso que, no começo, fiquei receoso ao saber que mexeram de maneira tão radical em uma fórmula que já dava certo a tanto tempo. Fiquei com medo de que a série Resident Evil estivesse começando a trilhar o mesmo caminhão de outra série de que gostava muito: Dino Crisis, também da Capcom. Em DC2, retiraram toda a parte de survival horror do game em favor de um jogo de ação em que dinossauros eram mortos como moscas. Isso banalizou tanto o combate no jogo que acabou tirando todo o seu charme. Felizmente posso dizer que a mudança feita em RE4 tornou-o ainda melhor e não pior, como no caso de DC.

Os inimigos que Leon enfrenta neste RE não são os tradicionais zumbis da Umbrella, e sim aldeões, cultistas e mercenários sob efeito de um organismo parasita liberado na região, conhecido pelo culto local como Las Plagas. O parasita jazia adormecido no subterrâneo do castela da família Salazar, até ser despertado e infectar centenas de pessoas. As vítimas acabaram sofrendo um processo de zumbificação e passaram a ser controladas pelo culto, os Los Iluminados, atacando qualquer forasteiro que avistassem. Eles (os Ganados) são ágeis, inteligentes e usam diversos tipos de armas, desde foices a armas de fogo e até lança-foguetes! Indubitavelmente, dão mais trabalho e são mais difíceis de matar.


Para compensar todo esse "upgrade" sofrido pelos inimigos, Leon agora conta com um arsenal ao seu dispor. São vários tipos de pistolas, escopetas, rifles e uma submetralhadora, além de três tipo de granadas. Todo esse armamento vem bem a calhar para enfrentar inimigos hediondos, que em certas ocasiões são completamente rasgados pelos parasitas que saem dos seus corpos e partem para o ataque. O mais incrível é a quantidade de munição encontrada pelo jogo. Joguei da mesma forma que sempre jogo todos os jogos desse tipo: de maneira econômica, utilizando itens de cura no último momento possível, e priorizando as armas mais fracas e só gastando munição das armas mais fortes quando encurralado ou em chefes. O resultado de todo esse cuidado foi que terminei o jogo com munição de sobra. MUITA munição. Ou seja, se soubesse que seria assim talvez eu tivesse descarregado tudo de uma vez durante todo o jogo.

Também implementaram um sistema de dinheiro e um cidadão encapuzado (que não faço idéia de onde vem) aparece em vários locais vendendo armas, upgrades e outros itens. Devem ter sociedade com os cultstas, sei lá! Tal mercador também compra os diversos tesouros que Leon encontra pelo jogo, pagando uma bagatela por itens mais raros ou tesouros com todos os slots preenchidos, pois alguns você tem que ir montando à medida que os encontra. Embora seja incoerente achar um indivíduo vendendo armas para a concorrência, é impossível não se divertir com esta adição peculiar, mas muito interessante. Ter uma loja vendendo itens encoraja o jogador a explorar mais os mapas à procura de tesouros e dinheiro (pesetas) e acaba deixando a experiência mais rica. Também é engraçada a forma como ele se dirige ao jogador e seus bordões acabam grudando na cabeça depois de ouvidos algumas vezes. "What are you buying"? "Not enough cash, stranger". hehehe


Terminei o jogo em pouco mais de 25 horas, e isso me surpreendou. Em vários momentos achei que o jogo iria acabar, mas ele se revelava cada vez maior. Não esperava uma duração tão grande para um jogo de ação, sobretudo se considerarmos a duração média dos jogos de hoje em dia, que mal chegam a 10 horas, quando chegam. Jogos como esse demonstram como os desenvolvedores de hoje em dia não tem o mesmo zelo em entregar jogos amplos e divertidos, programando-os para uma duração bem pequena e vendendo como conteúdo extra (DLCs) pedaços do jogo que deveriam já constar de sua versão final. Fazer o que né, já que há quem compre esse tipo de conteúdo extra caça-níquel...

Bom, voltando ao jogo. Após terminar a história principal, a versão para PS2 traz um algo mais. Trata-se de Separate Ways, uma mini campanha extra (durou 5 horas para mim) em que jogamos na pele de Ada Wong, outra personagem vinda de RE 2 e que cruza o caminho de Leon diversas vezes, ajudando-o. Muito embora essa ajuda seja dada para cumprir seus próprios objetivos. É interessante jogar esta campanha extra pois ela ocorre em paralelo à principal e dá uma nova visão ao acontecimentos do jogo. Algumas coisas que acontecem na aventura de Leon são explicadas em melhor detalhe, como quem tocou os sinos da igreja e atraiu os Ganados durante o confronto no início.


Resumo da ópera: É Resident Evil se reinventando e, ao mesmo tempo, mantendo intactas suas principais características de jogo de terror com puzzles. Um ótimo jogo da rica biblioteca do PS2.

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